Talvez a vontade de uma aventura qualquer seja só para tapar o buraco da dúvida, da falta de propósito da existência. Por que tamanho medo da incompetência e da mediocridade? Leonices, talvez... Talvez... Talvez esteja só cansada de ser... Eu! (?) Demasiados anos de convivência.
Não quero (mesmo que sequer fosse uma possibilidade) usar dele nem de ninguém pra tapar buracos que eu mesma cavei no solo do que é meu caminho. Mesmo que por pura e mútua diversão... Não sei, seria antiético. Quebraria essa delicada linha tênue desse ralo e frágil código da pouca honra que me resta.
Já não consigo diferenciar vontade legítima de carência da ausência fria do afeto. Talvez só necessidade de me sentir desejada, de chamar a atenção (como um cone de trânsito: perigo!), de ser a menina dos olhos de alguém.
Mesquinhezes da alma humana. Como a alegria agressiva de ver sofrer, pelos mesmos motivos mesquinhos, quem um dia já me arrancou lágrimas secas da garganta ardida com ponta de pena. Quase sem nem ter tinta. Mesquinhez. Unha catando migalhas de sujeira debaixo de unha pra jogar na cara. Terra e sangue. Terra e pele que arranhei das costas de qualquer um num grito mais de raiva que de satisfação.
Mesquinha, eu? Sim. Quero é distância de abundâncias que não sejam de silêncio, jazz e solitude. De tanto ansiar já não quero abraço que não o do meu travesseiro, não mais visões que não o ninho intocado do telhado da minha janela, talvez já abandonado depois de tantos meses de ausência minha. Ausência mesquinha, como tudo mais.
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