Não, eles ainda parecem não ter certeza de que não sou daqui. Alguns, imagino, pensam que sou de fora, mas não demonstram ter noção do quão longe é isso. Outros só não sabem de nada, at all. Aparentemente o meu uso confuso das línguas nativas e imensa incapacidade de adaptação às constantes mudanças de tendência da “moda” não tiveram destaque suficiente para me denunciar.
Acho que foi por isso que decidi registrar minhas experiências. Acho que talvez eu esteja cada vez mais me acostumando com as coisas daqui, acreditando na estrutura de vida na qual os seres daqui se baseiam para enxergar a realidade. É fácil demais de acreditar: as pessoas têm grande dependência de seus corpos e sentidos biológicos na percepção do universo e esses sentidos são tão potentes que inebriam a visão livre do meu espírito e me submergem em emoções e sentidos e axiomas, como quem mergulha em água.
Tenho medo de me perder nestas águas e perder a noção do que é estrutura construída e o que é realidade. Tenho medo de que este cenário se torne cada vez mais real em minha mente e que, como os seres daqui, eu seja o ator que se torna seu personagem. Acho que talvez isso já esteja acontecendo. Minhas metáforas já vêm das experiências desse mundo, meus veículos de expressão e registro de ideias já são daqui e, cada vez mais, uso minha mente biológica e mortal para armazenar as informações.
Ainda é confusa pra mim a maneira com que medem a dimensão do tempo. Tendem a dividí-la em pedaços que se repetem em determinado intervalos e dão nomes às partículas desses intervalos. O intervalo de rotação do planeta é chamado de dia e divide-se em vinte e quatro pedaços, o intervalo de rotação do planeta em torno da estrela Sol é denominado ano e por aí vai.
Existem também intervalos que não têm relação com fenômenos naturais e são estes os que mais me intrigam. A “Semana” é um intervalo composto de sete “dias”, que se repete num looping infinito, e cada um desses dias recebe um nome específico em cada língua. Este é um ciclo peculiar, que parece ditar toda uma rotina social controlar de maneira bastante intensa o rítmo de vida das pessoas e dos seus afazeres.
Agora eu estou olhando para a rua da cidade onde vivo. Cidade como eles chamam um agrupamento de moradias de seres e locais onde serviços e trabalhos são prestados. Enfim, não serei capaz se explicar toda e cada expressão desse mundo em questão. Seria repetitivo e, até certo ponto, inútil, vez que sou o único ser a ler estas memórias escritas. Creio que vou me limitar a escrever apenas sobre novas descobertas… Ou sobre as coisas que temo esquecer não me pertencerem.
Em todo caso, eu falava sobre as cidades. Sim, esses seres tendem a agrupar-se em locais fixos e muitos vivem vidas biológicas inteiras neste mesmo ambiente. Neste momento eu olho pela janela do lugar onde vivo e posso observar as vias de trânsito e árvores do lado de fora. As pessoas passam quase que despreocupadas, muitas num ritmo lento, e quase todas emanam uma certa leveza de espírito. É Domingo.
O Domingo é um dos dias da Semana. É um dia onde a maior parte das pessoas não se dedica a suas obrigações de produtividade social. No Domingo, a maior parte delas é regida por uma permissão invisível para relaxar e fazer coisas que as fazem felizes. O Domingo também é um dia que reserva certa melancolia durante o fim de tarde, quando o sol desaparece no horizonte visível. Sua luz reage com os componentes químicos da atmosfera, dando a ilusão de que o planeta tem um teto manchado de cores líquidas.
Em todo caso, eu falava sobre as cidades. Sim, esses seres tendem a agrupar-se em locais fixos e muitos vivem vidas biológicas inteiras neste mesmo ambiente. Neste momento eu olho pela janela do lugar onde vivo e posso observar as vias de trânsito e árvores do lado de fora. As pessoas passam quase que despreocupadas, muitas num ritmo lento, e quase todas emanam uma certa leveza de espírito. É Domingo.
O Domingo é um dos dias da Semana. É um dia onde a maior parte das pessoas não se dedica a suas obrigações de produtividade social. No Domingo, a maior parte delas é regida por uma permissão invisível para relaxar e fazer coisas que as fazem felizes. O Domingo também é um dia que reserva certa melancolia durante o fim de tarde, quando o sol desaparece no horizonte visível. Sua luz reage com os componentes químicos da atmosfera, dando a ilusão de que o planeta tem um teto manchado de cores líquidas.
Não sei bem explicar o que é melancolia, nem mesmo o exato causador desse sentimento. Ele pode ser gerado por estímulo de quase todos os sentidos físicos e psicológicos das pessoas desse planeta e não é exatamente classificado como “mau” nem “bom”.
Acho que é por isso que a melancolia é o sentimento que mais me intriga e fascina. Talvez também por isso o Domingo seja a minha partícula favorita do intervalo Semana, estimulando-me a começar por hoje a escrita destas memórias. “Today I feel blue”. Hoje me sinto azul. Não que isso faça algum sentido.
Sinceramente,
Acho que é por isso que a melancolia é o sentimento que mais me intriga e fascina. Talvez também por isso o Domingo seja a minha partícula favorita do intervalo Semana, estimulando-me a começar por hoje a escrita destas memórias. “Today I feel blue”. Hoje me sinto azul. Não que isso faça algum sentido.
Sinceramente,
Blue.
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