sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Em sã consciência

     


     Você me conhece? Vejo em seus olhos o brilho de quem parece me conhecer... Mas será só um reflexo da minha própria luz? Mais plausível, mais um eco do Narciso insano buscando a si mesmo. Tenho estado um tanto quanto desesperada por reconhecer algo de mim em outr@. Não meu reflexo, mas uma alma que se junte ao som da minha, indicando alguma consonância, aliviando a solidão.
     Queria não ter experimentado uma identificação tão forte... Torna o apego uma parte muito maior de mim, muito mais difícil de combater. Será que dá pra ele ter ido embora para sempre do pequeno quarto que construímos, sem olhar pra trás? Apenas mais um abandono? Só posso crer que a consonância nunca existiu: imaginei-a, como sempre. De outro modo, quem, em sã consciência, jogaria fora uma coisa tão preciosa? O que é mesmo ser são? E se, na verdade, fui eu quem jogou tudo fora pela janela?
     Não. Preciso parar de me culpar por todos os desconfortos do mundo, de me achar tão importante. Assim como preciso deixar de lado o veneno da auto crítica, constante e corrosivo. Nõ necessariamente por ser uma mentira, na verdade não sei. É mais porque, se eu for mesmo essa merda toda que penso ser, mais vale ser uma eterna lunática, vista com pena por todos, mas leve no coração.

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