quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Jogo dos Cavalos

     Assim que a cozinheira abandonou o fogão para ir buscar ervas na horta, Tabitha entrou furtivamente na despensa e começou a surrupiar as balas de caramelo, enchendo com elas uma sacolinha de pano que escondeu sob o corpete. "Se vão me obrigar a passar a tarde com um menino bobo," Pensou ela." pelo menos vou levar alguma distração para adoçar meu dia." Saiu da cozinha na ponta dos pés antes mesmo de a senhora Vivian voltar com o alecrim para o carneiro.
     La fora a mãe já entrava com Anne no carro e fez sinal para que Tabitha se aproximasse. "Querida, tem certeza de que não quer vir conosco? Não gosto da ideia de você chegando toda suja de poeira na casa dos Emmerich." Disse ela, ainda não totalmente conformada.
     "Mãe, você sabe que ficar tanto tempo no carro me deixaria atordoada, por que não evitar isso quando se pode?"O olhar da mãe foi de resignação e Tabitha soube que teria o que desejava. A mulher, todavia, completou.
      "Está bem, mas se acha que vou te deixar ir a cavalo sozinha todo o percurso está redondamente enganada." Virou-se para Gabi, que colocava as malas no carro, e disse "Gabrielle, faça-me um favor, sim, querida? Peça ao senhor Lúcio que prepare dois cavalos e que mande o seu assistente acompanhar Tab."
     "Sim, senhora Margaret." Respondeu Gabi, dirigindo-se para a casa sem prestar atenção no rosto incrédulo de Tabitha. O primeiro pensamento da menina foi protestar, mas algo fez com que sua cabeça consentisse e sua boca se despedisse da mãe e da irmã com um leve sorriso.
     "Não é minha culpa." Pensou ela, enquanto caminhava para o estábulo. "Alguém lá em cima quer ver aonde meu jogo vai dar." Acelerou o passo.
     Deu a volta na pequena construção de madeira que chamavam de estábulo e, nos fundos, selando um cavalo, estava o menino jardineiro, com o cabelo escuro penteado e as roupas de trabalho limpas. Ele mal desviou o olhar das fivelas quando Tabitha se aproximou e encostou o tronco na parede, descontraída. Tentou lembrar-se do nome do rapaz, o velho Lúcio tinha lhe dito. "Jonas" pensou ela "Tenho quase certeza".
     "E então, o que achou?" Perguntou ao menino. "Não vai dizer nada?"
     "O que achei do que?" Retrucou ele, um tanto quando ríspido, sem parar o que estava fazendo.
     "De mim, ora!" Tabitha exclamou, impaciente. Jonas terminoude selar os cavalos em silêncio e só então, com um sorriso maroto brotando nos lábios, respondeu.
     "Hmm. Ok, eu acho." O jeito com que falou aquilo irritou e divertiu a menina ao mesmo tempo. A pirraça era tão clara que por um momento ela quase lhe deu um soco. Limitou-se, porém, a rir e cruzar os braços.
     "Admita, jardineiro, sonhou comigo essa noite?"
     "Não tive pesadelos." Afirmou ele, sem tirar o sorriso do rosto. Montou o cavaloe virou-se para ela, esperando que fizesse o mesmo. Sem conseguir decidir se tinha sido elogiada ou insultada, Tabitha saltou sobre a sela e disparou na sua frente, grata por ter vestido calças e não um vestido. Atrás dela, Jonas incitou o cavalo a ir mais rápido e, como que por instinto, começou a corrida.
     A adrenalina logo tomou conta da menina e, pelo suor que começava a brotar e escorrer no seu rosto, o mesmo acontecia com ele. Ambos sabiam que quem ganhasse aquela disputa estaria, de certa forma, vencendo a discussão. Tabitha começou a arquejar, estava se cansando mais rápido. Não haviam determinado uma linha de chegada e, assim sendo, a corrida só terminaria quando chegassem na casa dos Emmerich ou quando alguém levasse a pior. Não podia, não ia perder!
     Outra daquelas ideias pouco ortodoxas trespassou a mente da menina. Adiantou a montaria, ganhando certa vantagem, e, quando estava exatamente na frente do garoto, despiu a blusa até o limite do corpete, deixando à mostra um pedaço considerável de pele e carne. A reação foi imediata, o jardineiro arregalou os olhos e, num descuido, perdeu o controle do cavalo, caindo. Seu corpo rolou no chão e ficou imóvel. Subitamente preocupada, Tabitha fez com que o cavalo freasse, saltou e correu até onde Jonas estava deitado.
     "Pronto, matei o jardineiro." Pensou, ajoelhando-se e inclinando a cabeça sobre seu peito, tentando captar uma respiração.
     "Aquilo foi sujo." Sussurrou a fraca voz de Jonas.
     "O filho da puta está vivo" Pensou ela, aliviada. Mas, ainda com certa apreensão, perguntou "Quebrou alguma coisa? Está sentindo as pernas?"
     O garoto soltou um ruído que era meio riso e meio gemido. "Sinto as pernas, " Disse. "mas respiro mal... Vou precisar de um boca-a-boca.". Completou, aquele sorriso pirracento de novo no rosto.
     " Você me assustou." O tom de Tabitha já era brincalhão. "Mas vejo que já recuperou toda a impertinência."
     "Eu te assustei? Você e essa merda de ca..." Não pode terminar a frase porque a menina calou seus lábios com a boca.
     "Mas que porra..!" Tentou balbuciar.
     "Céus, como você xinga!" Retrucou Tabitha e beijou-lhe novamente. Daquela vez não houve resistência e sem demora pode sentir os braços de Jonas rodeando a cintura.
     Depois de um longo tempo, não soube dizer quanto, Tabitha viu-se obrigada a voltar à realidade e lembrar ao garoto de que precisavam seguir adiante se quisessem chegar na casa Emmerich a tempo. Levantaram-se sacodiram a poeira das roupas e montaram os cavalos, como se nada tivesse acontecido. Seguiram em médio passo, em silêncio ou conversando sobre coisas triviais. Ela não se sentia constrangida, pelo contrário, estava leve como se alguém lhe tivesse desatado correntes dos pés.
     "Que venham os Emmerich."  Pensou, somo se pudesse desafiar o tempo." Tenho caramelo e lembranças para o resto da tarde."

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Você não entendeu.

     "Um, dois, três, inspira." Contava Anne mentalmente. "Um, dois, três, expira." Apertou mais o casaco em volta do cortpo, tentando não tirar os olhs dos sapatos. A porta estava próxima, mais 4 metros e estaria segura. O tornozelo recém curado ainda latejava e sentia as grossas camadas de gelo que lhe cobriam a pouco mais que uma hora. Apenas dois passos e estaria dentro, dois passos! Um passo! Abre a porta, joga o corpo pra dentro, ah!
     Ir do carro até a porta de casa era um suplício, tornozelo machucado ou não. Martin estacionava no pátio da frente e queles dez metros atapetados de grama eram sua ruina. Em todo e quaquer ambiente aberto a menina podia sentir o peso do céu sobre sí e toda a imensidão do ar à sua volta. Dava-lhe pânico sentir-se tão vulnerável, tão... Tão... Pequena.
     "Estou em casa"Disse ela, esperando que fosse alto o suficiente. A mãe logo veio lhe ajudar a subir as escadas e perguntar sobre a consulta. 
     "Como foi? Doeu-lhe quando tiraram o gesso? O doutor disse em quanto tempo poderá andar normalmente?"Eram sempre perguntas demais, que Anne respondia pacientemente.
     "O tornozelo ainda está dolorido, mas o médico acredita que em três dias já estarei subindo escadas e todo o resto." Explicou. " Agora vou me trocar. O vô e a avó já estão à espera, certo?" Haviam chegado à porta do quarto.
     "Sim, querida." Replicou a mãe. "Vai-te logo que hoje conseguimos até manter Tab dentro de casa. O chá está servido!"
     Anne entrou no cômodo e trancou a porta, rodando a chave duas vezes. Jogou-se de bruços na cama, exausta. Sair de casa extinguia todas as suas forças e ela o evitava ao máximo. Que belo par de filhas os pais tinham, pensou ela, quase amarga. A mais velha claustrofóbica e a mais nova que mal podia por os pés pela porta sem encolher-se como um rato. Tirou as pesadas botas, empurrando com os pés e ficou mirndo a segurança do teto por um tempo.
     Finalmente tomou coragem para levantar. Foi até o seu pequeno lavablo e molhou o rosto com água fria. Olhou o próprio reflexo no espelhinho e soltou um muxoxo. Era um rostinho maltratado e infeliz que Anne quase não reconheceu como seu. Enxugou-se e pôs a maquiagem devida a uma donzela de 15 anos: a camada de pó de arroz que cobria as olheiras, pó de rouge claro para as maçãs e um rosa pálido nos lábios. Quando olhou-se novament o resultado agradou-a um pouco mais. "Talvez Alex olhasse para mim agora, talvez... Talvez." A menina afastou aquela esperança indign com um abano de cabeça.
      Desamarrou o corpete com dedos calmos e desabotoou o vestido, jogando tudo no cesto de roupa suja. escolheu um vestido marrom, combinando com os cabelos que escorriam até o busto. Calçou uma bota ais leve que a de antes, mas ainda assim bem amarrada e justa no tornozelo. Jogou um casaco sobre os ombrs e uma borrifada de perfume sobre si. Sentindo-se melhor, destrancou  porta e pôs-se a caminhar desajeitada pelo corredor, rumo à escada. A mãe tinha mandado que Gabi a esperasse ali no topo, para ajudar na descida. Anne deu-lhe uma mão e apoiou-se com a outra no corrimão e assim foram lentamente, degrau por degrau.
     Ao chegar o térreo ela agradeceu a empregada e virou-se para a esquerda, dirigindo-se à sala de chá. Antes de chegar à porta já podia escutar as vozes da mãe e dos avós conversando e a risada animada de Tabitha. Como queria ser ao menos um pouco relazada como a irmã. "Tenho certeza de que conseguiria falar com Alex." Pensou, enquando arrastava os pés para dentro do recinto. "Quem sabe até lhe dar um abraço, um bom abraço.
     A voz da mãe saudou-lhe, alta e e aguda. "Annie! Meu bem! Junte-se a nós, os biscoitos estão um pecado." Ofereceu a cestinha à filha uando esta se sentou, depois de beijar a mão da avó  e receber a bênção do avô. Anne ceitou um biscoito e serviu-se do chá quente que repousava numa cheleira de porcelana no centro da mesinha baixa. Os avós estavam no sofá à sua frente, Tabitha, esparramada na cadeira à sua direita e a mãe tomava a poltrona à direita, enquanto Anne ocupava um dos assentos da marquesa acolchoada de carvalho.
     A conversa estava agradável e o chá, doce. Tabitha remexia-se de quando em quando mas estava incrivelmente ocntrolada, considerando que as janelas estavam fechadas. Reparou que a irmã olhava para o jardim com certa frequência, mas pensou que era muito natural, vez que estavam dentro de casa a mais de uma hora. Anne sabia que o único cômodo em que Tab se sentia realmente confortavel era o seu quarto, cujas paredes eram, na verdade, grandes janelas de vidro que iam do teto ao rodapé e davam para a vista sensacional do bosque que rodeava o terreno da casa.
     Discutiam acaloradamente sobre a obra de Edgar A. Poe quando Gabi chegou à porta e interrompeu delicadamente a conversa. "Senhora Margaret, chegou um recado para a senhora." Disse a moça, tirando um pequeno papel do avental. "Quem deixou aqui foi o senhor Desmond, aquele motorista dos Emmerich." Acrescentou, entregando a nota à patroa. O coração de Anne parou. Emmerich. Era da casa de Alex. Se fosse o que ela estava pensando... Inclinou-se para a direita, na esperança de fisgar alguma coisa enquanto a mãe passava os olhos pelo papel.
     "Vejam que adorável!" Exclamou Margaret quando terminou de ler. "Os Emmerich convidam-nos para passar o dia em sua casa amanhã. Seria perfeito para que você pudesse conhecer seu filho mais velho, Pedro, Tabbie, querida. Quem sabe não gosta dele?" Anne sabia que a mãe sempre quis empurrar o menino para Tabitha. Ela e a senhora Emmerich sonhavam com esse casamento desde que as meninas eram pequenas. Anne tinha absoluta certeza de que Tab nunca se dobraria a esse desejo fútil da mãe, mas não estava interessada nisso, queria saber de si própria e onde ficava nessa história.
     "E quanto a mim, mãe? Também posso ir?" Inquiriu.
     "Óbvio que sim, benzinho. Creio que a companhia de Pedro seja um tanto quanto desinteressante pra você, vez que ele é bem mais velho, mas Alex certamente poderia lhe mostrar seu quarto. Tenho certeza de que vocês se divertiriam brincando ou pintando. Alex também não toma aulas de desenho com seu professor?"
     "Sim." Murmurou a menina, tentando conter a felicidade. Mal ouvia os resmungos de Tabitha. Aquilo era bom demais pra se verdade. Um dia inteiro, só ela e Alex? Pensou que ia explodir, mas continuou sentada, assistindo a briga selvagem da mãe e da irmã.



















domingo, 8 de janeiro de 2012

O Jogo da Cortina

      Tabitha entrou no banheiro e fechou a porta atrás de sí, a velha sensação de desespero brotando no âmago como uma semente. Caminhou lentamente até o banquinho e desabotoou a camisa, controlada. Desenlaçou os cordões e logo a saia caiu-lhe aos pés, seguida pelas roupas de baixo. Aquela era a única coisa que ela gostava em tomar banho: ver-se livre das roupas.
      A água já borbulhava à sua espera e ela entrou na banheira, cobrindo o corpo nú com a espuma. Deixou-se escorregar até que toda a cabeça ficou também debaixo d'água. Gostava de ver a ponta dos curtos cabelos acobreados nadando ao seu redor. Não durou muito e o desespero voltou a acometê-la. Imergiu quase que sem ar e procurou cegamente a cortina, abrindo-a e depois também a janela.
      O ar frio de fim de primavera entrou, fazendo-a estremecer, mas Tabitha não se importou; precisava de um escape antes que a claustrofobia lhe tomasse a racionalidade. Suspirou e encostou-se na banheira de novo, a respiração voltando a acalmar-se. Ensaboou o corpo, esfregando com força, como se quisesse desnudar-se também da pele. Colocou o shampoo nas palmas avermelhadas pela água e fez o mesmo com o cablo.
      Já enxaguava o creme capilar quando percebeu pela primeira vez um movimento no canteiro lá fora, através da janela. Era o menino jardineiro que devia estar aparando as moitas do jardim do fundo. Tabitha instintivamente afundou na banheira, não imaginara que haveria alguém ali quando abriu a janela. Na verdade, ela provavelmente nem se importaria durante um ataque de claustrofobia como aquele.
      "Bem," pensou ela "agora já está feito." Seria muita ingenuidade para uma garota de 17 anos pensar que o rapaz nada tinha percebido. Olhou, contudo, com cuidado, espiando através da cortina os movimentos do jardineiro. As mangas da camisa estavam dobradas, deixando à mostra braços jovens e meio queimados de sol. O cabelo preto grudava no rosto pelo suor e os olhos miravam a tesoura, escapulindo em olhadelas vacilantes na direção da janela.
      Uma idéia surgiu no canto da mente de Tabitha e o canto dos lábios repuxou-se num meio-sorriso. Enxugou os cabelos com uma toalha e levantou-se, virando. Fez de maneira habilidosa, tal que, pela janela, só se visse um relance dos seios. O barulho da tesoura parou. "Funcionou." pensou ela, sentindo a brisa que fluía pra dentro do banheiro acariciar de leve as costas e nádegas. Apanhou a toalha e enrolou-se lentamente, controlando-se para não espiar o jardim.
      Saiu da banheira, tentando parecer naturalmente sexy. Penteou os cabelos rapidamente na frente do espelho e voltou-se novamente para a janela. Inclinou-se para alcançar as pontas das cortinas e, no instante antes de fecha-las, permitiu que seus olhos encontrassem os do jardineiro. Por sorte, conseguiu cerrar as cortinas antes de dobrar sobre si mesma, abafando um risinho com as mãos. Nunca vira um rapaz tão desconcertado; os olhos arregalados combinavam com a boca meio aberta, abobalhada. O corpo estava totalmente rígido enquanto um suspensório solto pendia no ombro e a tesoura de jardinagem jazia na mão direita, totalmente esquecida.
      Com o recinto novamente fechado, Tabitha voltou a sentir as entranhas se remexerem. Deixou de lado momentaneamente sua brincadeira e foi para o quarto em largos passos. No corredor encontrou a mãe, que lhe lançouum olhar desaprovador. "Tab, querida, quantas vezes já não lhe disse para usar um roupão quando sair do banho? Você já não é mais criança, meu bem!" reclamou ela, colocando a mão na cintura, como sempre fazia quando dava lições de moral.
      "Anotado, mãe." Respondeu Tabitha, sem diminuir a velocidade com que se deslocava. Pensou consigo mesma o que a mãe diria do que acabara de fazer no banheiro. Rio por dentro. Ao chegar no quarto fechou a porta, sem trancar, e colocou-se atrás do trocador para evitar fechar as persianas que cobriam as amplas janelas do lugar.
      Por sorte os convidados no chá de hoje seriam só seus avós e ela escolheu um vestido claro e leve, agradecida por poder dispensar o espartilho sufocante. Colocou no rosto apenas pó de arroz e o costumeiro carmim dos lábios. A mãe o desaprovava, mas Tabitha fazia questão de passar, pois os lábios eram o único adorno que ela recebera no rosto sem-graça. Calçou os sapatos e desceu a escada, tomando o caminho da sala de chá. O menino-jardineiro voltando sorrateiramente a passar pela sua mente.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Como a Daenerys

Posso chamar-te de “meu sol-e-estrelas”? Mesmo que não seja amor, mesmo que acabe depois. Sinto sua falta, menino dos olhos de mar, perdão, homem. Homem dos cabelos de cobre.
Nunca sei com certeza se você não diz. Vejo em seus olhos, sim, sinto em seu toque, mas aquela parte de mim sempre há de se sentir estúpida e ludibriada enquanto não há palavras. Sempre tenho medo de ir longe demais e te queimar, mas tudo o que eu quero é derreter esse leve gelo que te encobre com o calor do meu sangue.
E a minha frieza? Estilhaçou-se com cada um dos seus sorrisos, singelos sorrisos de menino-homem. Espero recuperá-la ao menos um pouco nestes tempos que passo no gélido ar aqui de fora. Sabe-se lá quando não vou precisar de todos os cacos que conseguir recolher, afinal, foi essa muralha que sempre me protegeu dos cortes mais fundos.
Vejo-a também em você e espero que, como a minha, esconda um interior quentinho e secreto. Mas não posso saber, nunca tenho 100% de certeza, nunca pude olhar dentro dos seus olhos naqueles momentos. No entanto, eu acredito que lá esteja, como uma sala de estar com lareira e estantes de livros, no meio da tempestade de neve.
Então me deixa te conhecer e ler seus livros. Chama-me de “lua da sua vida”, melhor ainda do que fez o Khal a Daenerys. Saiba que eu amo o frio, mas que entre mim e você quero só aquela sensação (por falta de outro nome).
O frio que fique em volta.