quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Oliver

 Meu queridíssimo amigo, de longas datas e saudosa memória:


    Escrevo-te esta carta para dizer que infelizmente terei de declinar ao teu convite de antecipar nossa viagem. Óbvio e evidente que seria de meu gosto e preferência compartilhá-la contigo, mas entenda que não me sinto pronto.
    Veja bem, meu caro, antes de partir eu gostaria de prganizar meus papéis e me despedir direito da família que há muito não vejo, pois ambos sabemos que seria uma jornada sem volta. Há também o meu jardim, que encontra-se em estado lastimável: as ervas daninhas parecem querer tomar tudo e mal dão espaço para que os pobres narcisos respirem. Um aborrecimento só, posso garantir!
    Se desejas de todo o coração içar velas sem demora posso apenas dizer que o apoio até o fim, pois defendo piamente o direito de qualquer um de escolher a própria hora. Eu, no entando, encontro-me curiosíssimo para descobrir como serão estes meus anos finais pelo lado de cá e escolho portanto o destino que a vida quiser me dar.
    Ficarei aqui de peito apertado sentindo a tua falta, mas não te apoquentes. Parte na sua viagem através dos mares desconhecidos que sem demora hei de te alcançar. Já sinto doerem meus joelhos e rangerem minhas velhas articulções. Sairemos então a explorar juntos os mundos que estão depois deste.
    Vai e descansa, amigo. Segue teu caminho que ter encontro na clareira.


    Já com saudade, teu irmão e eterno parceiro de aventuras,


    
                                                   Oliver.

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