terça-feira, 18 de outubro de 2011

Lata de Biscoitos

        Tudo o que recebemos pelo correio hoje em dia são contas. Pedidos de assinatura, folhetos, sim, também, claro. Mas o que quero dizer é que os carteiros já trouxeram coisas mais singelas. Costumávamos aguardar como cachorrinhos a abençoada hora em que chegariam os preciosos envelopes. Cartas de amor, de amigos distantes, fotos 3x4 que valiam mais que todo o ouro do mundo e eram guardados com todo o cuidado embaixo do travesseiro.
       Agora temos tudo rápido, imediato e exposto para qualquer um que queira ver, no mundo todo! Óbvio que tem seu lado bom, a praticidade, a facilidade... Uso e aprovo! Mas onde fica a interminável espera que aperta o coração? O frio na barriga? A sensação de apertar mil vezes o papel contra os lábios para depois colocá-lo junto com outras tantas cartas perfumadas em uma lata de biscoitos, escondida bem no fundo do armário?
        Pensando melhor, as próprias pessoas já foram mais singelas. Não há tampo a ser gasto escrevendo à mão os sentimentos, que são despejados de qualquer jeito em um site de relacionamentos. Quer maior prova de afeto, coisa mais íntima que delinear com as próprias mãos as palavras a serem lidas e fechar o envelope com a língua? Escolher um selo que faça jus a uma lembrança adorada e depositar no correio as esperanças de uma resposta que lhe farão passar noites em claro.
        Meio romântico? Sim. Meloso demais? Talvez. Mas muito, muito melhor que um recado no Facebook.

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