quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Hey, Oh!


Eu sinto falta daquele cheiro. Daquela sensação de que tudo está onde deveria. Ver que nada excede nem falta. O vento gelado batendo no rosto, a comida estranha e todo aquele branco que se deixa pra trás.
Sinto falta do suco de laranja quente, da floreta em volta da casa e da maneira com que toda a minha vida neste lugar escaldante simplesmente desapareceu. Nada mais importava além de ficar lá no meio de todo aquele nada.
Aquele dia de noite, deitada nos restos de grama, de olhos fechados e nada mais. Eu entendi que conseguiria passar até mais de seis meses longe de tudo. Só para estar lá. Porque fazia sentido. Nada doía tanto: nem meu coração apertado, nem meus pés calejados. Não haviam castelos de areia, nem notas de vinte, nem reis com o sol na barriga.
Ignorava os gritos que chamavam meu nome para me esquentar, entrar em casa. Eu estava de jeans e All-Star, correndo na neve, sem sentir frio. Querendo estar lá para sempre e me afundar no gelo até o resto dos meus dias.
Eu era o corvo negro na imensidão  branca. A falha na matrix. Era o pedaço perdido do grande quebra-cabeças.

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