Estava lá, amarrada por questão de segurança e morrendo de medo de todas as coisas que podiam acontecer. Onde estava com a cabeça? Resisti ao impulso de desatar todas as fivelas e correr para longe do planador. Começamos a andar pela pista de aceleração, chacoalhando a cada lombada que se projetava da terra imperfeita.
Quando atingiu-se a velocidade de voo, fomos largados no ar e eu não pude conter um grito de terror. Era como se duas toneladas de ar pressionassem meu peito com 200km/h de força. Conduzimos a máquina, pulando de termal em termal e a cidade foi descendo aos poucos sob meus pés.
No momento em que minha adrenalina baixou e olhei pra fora foi que finalmente ficou claro o que acontecera: o mundo tinha ficado pra trás, perdido em algum lugar da superfície da Terra. À minha volta só se via o azul de um céu limpo e o melhor de tudo, o impagável: O silêncio. Não se escutava nada além do ar que batia constantemente por todo o meu corpo. Nada de motor, de buzinas, de anúncios publicitários...
Eu finalmente entendi como era se sentir um pássaro. Era o mais próximo que eu havia chegado do paraíso e queria ficar lá pra sempre. Não queria voltar pra sociedade barulhenta, com seus gritos e calombos. Queria voar.
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