Passo em alta velocidade pela avenida ao lado do mar. É um fim de tarde de domingo e os fios elétricos enrolados por cadáveres de pipas completam o cenário melancólico que antecede outra segunda-feira. As ondas ainda se mexem da mesma maneira e a luminosidade do dia também é mais ou menos o que sempre foi por todos esses anos. Mas nada está igual.
Me pergunto quando foi que isso tudo ficou tão sério, quando as coisas deixaram de ser só uma brincadeira e passaram a ser reais. Quando foi que os anos aceleraram a passar e me deixaram no banco de trás de um carro chique, andando a toda velocidade em direção ao futuro. Ao MEU futuro, a um amanhã de que nem pistas tenho.
Chegou o tempo das nossas vidas e percebi que ele é escasso demais para todas as promessas de glamour e juventude que um dia eu vi num programa de TV. Tenho medo de que esse seja o ápice e eu nada tenha percebido; tenho medo de que esse seja o ápice e que, daqui pra frente, seja só ladeira abaixo.
Não quero arrumar um emprego pra me casar, ter filhos e viver o resto da vida numa estação decadente, esperando por um trem que jamais vai me levar para a Terra do Nunca. "Com a boca escancarada e cheia de dentes, esperando a morte chegar". Não quero olhar para a minha realidade e ver que o vento parou de soprar, ver que minha alegria, vontade e juventude secaram e enrolaram-se encarquilhadas num canto, como os cadáveres de pipa em fios elétricos num fim de tarde de domingo.
Como as notas de uma melodia que no início não fazem sentido, mas depois começam a soar familiares.
quarta-feira, 21 de março de 2012
Just Breathe
My eyes ain't that great anymore
I swallowed my pride
Like I wouldn't before
Waking up at 4 a.m.
My bed spits me off
And I can't sleep again
(they say)
"Just breathe, just breathe
'Cause it will be alright
Just breathe, just breathe
And don't turn on the light"
My words make no sense nowadays
But I'm not even drunk
I hear what he says
I don't wanna be so controled
And don't try to stop me
I'll make it explode
(they say)
"Just breathe, just breathe
Don't burn everyone out
Just breathe, just breathe
Don't be angry, don't shout"
I don't wanna feel anymore
I'm shutting my chest up
Becoming a whore
Be mine, let me own you today
But, darling, tomorrow
I won't know your name
Well, well, hell
Stop, stop
Whispering in my ear
I don't wana know, no!
I don't wanna hear
Don't want to be good
Want to run, want to scream
Yes, I know how I look
But I'm not what I seem
To be
I wanna beg for you, but I won't
I wanna, I wanna punch your face
But I don't
I swallowed my pride
Like I wouldn't before
Waking up at 4 a.m.
My bed spits me off
And I can't sleep again
(they say)
"Just breathe, just breathe
'Cause it will be alright
Just breathe, just breathe
And don't turn on the light"
My words make no sense nowadays
But I'm not even drunk
I hear what he says
I don't wanna be so controled
And don't try to stop me
I'll make it explode
(they say)
"Just breathe, just breathe
Don't burn everyone out
Just breathe, just breathe
Don't be angry, don't shout"
I don't wanna feel anymore
I'm shutting my chest up
Becoming a whore
Be mine, let me own you today
But, darling, tomorrow
I won't know your name
Well, well, hell
Stop, stop
Whispering in my ear
I don't wana know, no!
I don't wanna hear
Don't want to be good
Want to run, want to scream
Yes, I know how I look
But I'm not what I seem
To be
I wanna beg for you, but I won't
I wanna, I wanna punch your face
But I don't
Acho que você entendeu
De mãos dadas com a mãe, Anne cruzou o jardim dos Emmerich sem grandes problemas. À porta estava o mordomo, pronto para receber os chapéus e casacos e indicar-lhes o caminho da sala de estar. A residência Emmerich era suntuosa mansão de paredes sólidas e ricamente enfeitadas com todas as bugigangas de luxo que aprouviam a uma moradia de elite. À medida que avançavam pelo corredor atrás do mordomo, porém, os batimentos de Anne aceleravam por motivos que nada tinham a ver com as pinturas emolduradas na parede. Era, todavia, uma ansiedade diferente da que sentia quando estava do lado de fora.
"Vou cuspir minhas entranhas." pensou a menina, momentos antes de cruzar a porta para encontrar os anfitriões. Mas ela não cuspiu. Nada saiu da sua boca, aliás até que a senhora Emmerich lhes saudou com um abraço e ela se sentiu obrigada a balbuciar uma cortesia qualquer. O mundo havia desaparecido; na sua frente só havia um rosto que importava naquele momento. Alex. Anne viu-se sentando no sofá ao lado da mãe e aceitando uma xícara de chá como se estivesse no piloto automático.
"Está aqui, a menos de dois malditos metros!" pensava ela, a proximidade lhe tomando a atenção de todo o resto. "Acorde, Anne, não fique ai largada agindo como uma completa idiota descoordenada! Volte à realidade!" repreendeu-se, piscando os olhos e fazendo o melhor para entreter-se com a conversa.
"... E isso muito irrita a todos nós, principalmente ao Carlos. Parece que não se pode mais dirigir sem trombar com algum palerma que não sabe o que fazer ao volante." dizia Margaret, enquanto serviam-se de bolinhos doces.
"Absolutamente, absolutamente!" concordou a senhora Emmerich, a cabeça abanando em desaprovação. "Mas estas conversas aborrecidas de adultos não devem interessar aos jovens!" exclamou ela, voltando a atenção para as crianças "Alex, meu doce, por que não leva Anne lá pra cima e lhe mostra o teu quarto? Tenho certeza de que vão se divertir muito mais desenhando e conversando seus próprios assuntos."
O estômago de Anne deu uma volta. "Quarto com Alex. Quarto de Alex. Só nós." pensou ela. E antes que o cérebro processasse a informação foi interrompido pela resposta.
"Ótima ideia, mãe, certamente que vamos encontrar algo como que nos entreter." disse Alex, tomando Anne pelos braços antes que a menina pudesse soltar um suspiro.
Seguiram pelo corredor até a escada e subiram-na de braços dados, como um cavalheiro e uma dama. Anne sentia a pele queimar no lugar onde encostava na de Alex e na sua cabeça os pensamentos dançavam em torno das palavras, dando-lhes um tom sugestivo. "Vamos encontrar algo com o que nos entreter. Entreter. Ter."
As ideias ainda giravam pela mente dela quando depararam-se com a porta do quarto, que Alex abriu sem cerimônia. Entrou e sentou-se na cama, fazendo Anne sentar-se ao seu lado. O recinto não era cheio de decorações como o resto da casa, mas estava iluminado e as paredes estampavam um tom elegante de creme.
"E então, o que quer fazer?" perguntou Alex alegremente.
Anne não respondeu imediatamente. Podia sentir a respiração de Alex ao seu lado, o busto descendo e subindo suavemente. Então, estranhamente consciente dos vestidos que se roçavam, ela desviou os olhos das paredes e virou-se para mirar o rosto ao seu lado. Os olhos verdes que lhe encaravam de volta eram brilhantes e úmidos e demonstraram certa surpresa quando Anne pousou a mão sobre a palma fria e delicada da outra. Surpresa sim, mas não descontentamento.
sexta-feira, 16 de março de 2012
Cigarros Argentinos
Dessa vez
Eu vou pular o verão
Pular as promessas
E a decepção
Dessa vez
Eu não vou me entregar
Com toda essa força
Vou desconfiar,
Escutar
Nossa música de novo
Mesmo aqui
Chamando de longe
Eu sinto no vento
Que você responde
Mesmo assim
Espere pra ver
São só mais uns dias
Depois vai ser eu
E você
E segredos no telhado
Não chora sem motivo
Que isso é coisa de menina
Cigarros argentinos
Meia-noite na piscina
Até o fogo do inferno apagar
Até a pilha do rádio acabar
Percebi
Que vou ter que checar
Todas as vezes
Antes de sentar
Tanto faz
O tamanho do sorriso
É sempre nos olhos
Que mora o perigo
E aceitar
Nunca foi uma escolha
Dessa vez
Eu vou mudar a versão
Do conto de fadas
Que joguei no chão
Dessa vez
Nós duas vai bastar
Pedir uma pizza
Comer de jantar
Escutar
Nossa música de novo
Não chora sem motivo
Que isso é coisa de menina
Cigarros argentinos
Meia-noite na piscina
Até o fogo do inferno apagar
Até a pilha do rádio acabar
Eu vou pular o verão
Pular as promessas
E a decepção
Dessa vez
Eu não vou me entregar
Com toda essa força
Vou desconfiar,
Escutar
Nossa música de novo
Mesmo aqui
Chamando de longe
Eu sinto no vento
Que você responde
Mesmo assim
Espere pra ver
São só mais uns dias
Depois vai ser eu
E você
E segredos no telhado
Não chora sem motivo
Que isso é coisa de menina
Cigarros argentinos
Meia-noite na piscina
Até o fogo do inferno apagar
Até a pilha do rádio acabar
Percebi
Que vou ter que checar
Todas as vezes
Antes de sentar
Tanto faz
O tamanho do sorriso
É sempre nos olhos
Que mora o perigo
E aceitar
Nunca foi uma escolha
Dessa vez
Eu vou mudar a versão
Do conto de fadas
Que joguei no chão
Dessa vez
Nós duas vai bastar
Pedir uma pizza
Comer de jantar
Escutar
Nossa música de novo
Não chora sem motivo
Que isso é coisa de menina
Cigarros argentinos
Meia-noite na piscina
Até o fogo do inferno apagar
Até a pilha do rádio acabar
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