Queria ter mais coragem. Poder dizer o que está aqui preso até agora, pulsando em algum lugar entre meu peito e minha língua. Se as pernas não tremessem, eu não ficasse enjoada, se não me sentisse tão ridícula a atenta à minha insignificância...
Queria poder dormir, mas eu fecho os olhos e pensamentos sonâmbulos persistem e insistem, me cutucando com aspereza. Quero dormir tanto quanto quero falar, contar de uma vez por todas. Mas, por mais que esteja cansada, de tudo, simplesmente exausta, eles não vêm; nem meu sono, nem minha coragem.
Que se pode fazer com pálpebras que pesam, mas não fecham e frases que sufocam mas são soam? Estou entalada e enlatada na minha conserva de azeite, atum e impotência, quase enlouquecendo.
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