Nunca gostei de lobos. Quando dormia na casa da minha avó eu sempre escutava seus roncos e podia jurar que eram uivos, uivos medonhos. Eu sabia que uma porta entreaberta era o suficiente e meu lençol, fino demais.
Lembro da época de “Pedro e o Lobo” e de como eu mal conseguia assistir o filme, mesmo com outras pessoas. Meus pesadelos em primeira pessoa... AQUELE pesadelo. Um sonho lupino que, mesmo depois de crescida, me impediu de colocar os pés no chão.
Cheguei a ganhar um livro. “A Verdadeira História dos Três Porquinhos” era o título, e narrava o conto do ponto de vista de A.Wolf, um lobo. É realmente uma boa história, eu gostava desse lobo inocente e civilizado que desejava apenas fazer um bolo para a avó. Eu QUERIA acreditar nesse lobo.
Mas uma coisa que você aprende sobre os lobos é que eles não são inocentes. Acho que talvez seja por isso que u nunca confiei em cachorros... Sempre acabo voltando ao meu sonho e á cena de um filme que mostra uma floresta escura e apenas dois pontos luminosos, duas faíscas amarelas, cheias de malícia.
O que me assusta nos lobos não são seus dentes afiados, mas a maneira como sabem escondê-los. Não suas garras, mas sua fala macia e jeito de amigo próximo. Eles sempre estarão lá para mostrar o caminho da casa da vovó, mas não sem antes te espionar por entre as árvores e pensar: “Que garotinha deliciosa... E que belo capuz!”
Não, não, não. Não gosto de lobos. Eles estão sempre famintos, sempre gentis com suas lamparinas âmbar. Estão em toda parte e á medida que cresço vou me dando conta de que eles não vão embora quando fechamos os olhos. Oh, meu bem! Esse é o momento que eles estavam esperando.
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