domingo, 13 de novembro de 2011

Do Outro Lado do Espelho

   Sinto como se a máscara do mundo tivesse caído e finalmente me feito ver o quanto tenho sido ridícula. Não há nada aqui pra mim. Aqueles olhos brilham pra todos do mesmo jeito. Por que, oh céus, seria diferente comigo? Mas a vontade de me enterrar só não é maior que o impulso de olhar dentro da sua íris.
   São duas piscinas de água cristalina que mais parecem ímãs. Então que parem de voltar-se para mim quando tenho de me concentrar no que estou fazendo. Será que pensa não ser difícil o suficiente sem senti-las me queimando vez ou outra? E a boca? Devia ser proibido sair na rua assim! Aquela curva perfeita de Michelangelo com um ponto final no canto direito me põe em devaneios por horas a fio. 
   Mas não passa disso. Ela não é minha e nunca foi... Muito menos vai ser. É como olhar para um espelho por tempo demais, acreditando estar vendo movimento do outro lado. Uma hora, no entanto, você descobre que era apenas seu próprio reflexo, adoçado com tudo aquilo que deseja ser verdade. Mas não é. E o momento chegou de não mais deixar-se iludir de forma tão dolorosa por um pedaço de vidro quebrado. Mesmo que tenha olhos azuis.

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