segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Peter Pan


Você? Não passa de uma memória. Morangos e chocolate, promessas vazias e um pijama roxo que já está criando poeira no armário. Você, e os raios de sol que nasciam da sua cabeça e eu tentava pentear, só pra abusar e chamar a atenção. Você. O reflexo de um menino que não cresce, luta com piratas e dança valsa comigo entre as fadas da nossa Terra do Nunca. Você e sua camiseta mil vezes amaldiçoada, cobrindo o corpo de outra que não eu.
Sua culpa por toda a quantidade de álcool que eu consumo e a minha culpa pelos óculos perdidos para sempre, por coincidência, no mesmo lugar onde tudo começou. Você e a época dos três desejos, de Something, do “Por que não?”. Nós e todo o período em que nos foi permitido usar esse pronome. Tudo cortado fora por uma máquina zero ou uma tesoura e escondido debaixo de um boné.
Eu assisti calada as madeixas douradas caírem no chão. Sabia que eram os restos mortais do menino que partiu da Terra do Nunca em direção à Terra do Nada, me deixando sozinha com meus morangos, meus chocolates e minhas fadas. Guardando comigo aquele último dedal que fiquei de te dar.

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