quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Mais uma gota d’água

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                              Pode ir embora. Pode passar cinco, seis meses fora. Eu não me importo se você decidir ficar por lá. Só me avise.  Diga-me com antecedência, assim eu não vou rezar à noite por você e nem ficar de braços abertos te esperando.  Não vou mais te defender daquelas acusações absurdas que ela te lança e meu coração não vai bater mais forte quando o dia chegar, só para partir-se em um milhão de pedaços se você não vier.
            Pode ir embora, Minha vida seria tão mais simples sem esse vai-e-vem a que vocês me submetem. Nunca te pedi muito. Esse meu afeto exagerado sempre lhe foi gratuito, o que muito irritava e ainda a irrita. Eu choraria por alguns dias, talvez semanas. Mas no fim acabaria por endurecer-se o meu velho coração de pedra que estava até amolecendo.
            Pode ir embora e leve com você seus pequenos agrados. Os curativos e xales e aquelas coisas alaranjadas que você me trazia. Eu sempre quis abandonar aquela casa suntuosa para viver com você naquele apartamento que tanto amamos. Ela nunca entendeu o por quê. Hoje, acho que você também não compreendia. O que eu tenho por você é tão forte justamente por ser tão delicado e mudo.
           
Então, vá logo embora e não esqueça de avisar.

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