Sentia saudades de escrever chapada, de entrar num estado de intimidade consigo que lhe permitia a honestidade de certas ideias, palavras, sentimentos e carinhos mentais mais livres.
Como meu monólogo interno, eu sou assim. Quase que o tempo todo uma "voz" escrevendo umas história, com ideias, palavras, sensações, coceiras mentais que se debulham em sementes diversas. Uma história, várias histórias. Minha história. Minhas memórias, que são um registro limitado (e inconscientemente selecionado, como já se sabe).
Mas o cruel e (?) justo (?) registro do papel no momento de maior intimidade (quase pudica) com essa voz proporciona uma honestidade quase crítica, mas extremamente vulnerável também.
Entregar-se ao papel. Permitir que a alma transborde do corpo e mergulhe nele, deixando o rastro do seu sangue marinho como tinta que há de secar. É uma gentileza preciosa que me permito, de quando em vez... E quando a preguiça não consegue me dissuadir de ir pegar a caneta.
Vem intercalada por pausas para respirações profundas... Porque, sinceramente, respirar é bom pra caralho, não acha? Faço o tempo todo.
HÁ.
A honestidade do monólogo até me permite uma piada de tio do pavê.
É análogo a uma confissão religiosa, mas o padre é de madeira fatiada e não te absolve de porra nenhuma - só absorve. Há também o direito a longas paradas para olhar pregos nas paredes ou até encarar longamente borboletas. Talvez até depois de algum tempo que elas já tiverem ganhado os ares e fugido do campo de visão.
Existe uma certa fúria nisso, o que me pesa a mão. Deixa sequelas, incômodos e tensões que percorrem os nervos até se alojarem nos músculos do pescoço e do ombro. E é por isso que me alongo o tempo todo, como uma louca...
... Porque eu sou mesmo, mas não como se pensa. Não como cê pensa.
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