terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

A Zadicêra - 01/12/2017

     Não sei, dessa vez, quem viu quem primeiro o outro naquela confusão de automóveis hostis. Mas é certo que ali mesmo comecei a sorrir. Nessa boca aqui, meio seca e contorcida pela tosse, que vinha mais soltando despretensiosidades e - muito - calando. Pois a boca deu pra sorrir.
     Seria o sorriso o orgasmo da boca? Ou seria este o grito e o primeiro o frenesi que o antecede? Se for assim, quem me convence a largar sua boca, quem me segura, quem me protege de mim?
     Se é questão de mistério, não sei bem, mas sou pessoa complicada. Complexa, talvez. Nada símples pra tentar decifrar. Mas sou clara e o que tenho está a mostra, gritado aos quatro ventos tudo o que posso dar. Só quem é clarividente pode ver.
     Não sei, na primeira vez, quem viu primeiro quem. Mas achei que você nunca ia me olhar do jeito que eu te olhava olho. Antes não me atrevia... Que ozada eu sou, até... Doida varrida, talvez. Mas você não sabe da missa um terço. E se tudo é uma questão de preço, esse é o de me ver de perto e saber da piscina, da carolina, da gasolina y otras cositas más. 
     Independente se é justo o se mereço, ajoelhou, tem que rezar . E não boto nem fé, não sei. Mas queria mesmo acreditar. Talvez... Preencher mais uma vez, com sangue novo, os tubos ermos do perecível músculo que bombeia meu peito. 

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