quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Ode ao Brega

Cada um tem e carrega
Em si, consigo, sua dor
Feito cruz, feito bandeira
Feito luz, fazendo amor

Cada qual lhe dá um nome
Uma forma, uma cor
Cor de pedra, cor de sangue
Cor de merda, cor de flor

Tem quem anda de mãos dadas
Tem quem durma com essa dor
Tem quem se alimente dela
Cozinhando no vapor

Uns nem olham bem pra ela
Mas lhe servem de alimento
Diz que dor tem todo mundo
Mas nem sempre é sofrimento

Dor de ouvido, dor de nó
Dor de quem se sente só
Dor de falta, dor de falto
De ralar tudo no asfalto

Dor no corpo, dor na mente
A pior é a dor de dente
E corte de papel no dedo?
Sabe de nada, inocente

Pior é quebrar nariz
Pior mesmo é perder gente
Pior é nunca ser feliz
Sendo sempre bem contente

Mas a minha dor é minha
A sua é sua, vai saber...
Não existe régua (tão) crua
Pra medir sem se caber

E se todo mundo morde
Todo mundo também mente
E se todo mundo morre
Todo mundo também sente

Dor de dó, de sol, de lá
Dor daqui e dor de ausência
(Mas) não tem quem não sinta dor
Quando escuta uma sofrência

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