sexta-feira, 18 de maio de 2012

F.C.D.R.





Corro em passos largos
Pra qualquer outro lugar
Minhas asas brancas
Se desmancham pelo chão

Já que tudo passa
E que o meu mundo virou pó
Já que a lua nunca
Vai caber na minha mão

Corro em pés descalços
Não espero me encontrar
Tudo é muito pouca coisa
Em comparação

Já que em meio a todo mundo
Eu sempre fico só
Sinto o ar da noite
Invadir o meu pulmão

Ela é como um corvo
E o seu canto me persegue
Pousa no meu ombro
E eu já não me sinto leve
Quero só fazer de conta
Por um tempo breve
Isso só já basta
Eu viro F.C.D.R.

As paredes caem
Pra deixar a chuva entrar
Quero acreditar
No que o mundo me promete

Já que eu sinto dor
E isso me torna mais real
Já que meu messias
Se matou aos vinte e sete


Ela é como um corvo
E o seu canto me persegue
Pousa no meu ombro
E eu já não me sinto leve
Quero só fazer de conta
Por um tempo breve
Isso me convence
Eu viro F.C.D.R.

domingo, 13 de maio de 2012

Bom Motivo

Se olha no espelho
E não percebe que sumiu
Vai se equilibrando
Caminhando por um fio


Escute mais a letra
A melodia é tão feliz
Que acaba disfarçando 
A muita coisa que se diz


Rode, rode, rode
Meu amor, esse é o seu samba
E cada passo em falso
É uma chance que se ganha
Pode se embolar
Que já chegou a sua hora
Você bebeu demais
E se esqueceu de ir embora


Não fale do futuro
Das escolhas, das besteiras
Que de cima do muro
Eu vejo muito mais estrelas


Balance seu chocalho
Se isso já virou mania
Não vá se esquecer
Que todo mundo morre um dia


Me dê um bom motivo
Que me faça acreditar
Não vou te dar meu copo
Pra você envenenar



Me dê um bom motivo
Vá, me faça acreditar
Não vou te dar meu copo
Pra você envenenar



Rode, rode, rode
Meu amor, esse é o seu samba
E cada passo em falso
É uma chance que se ganha
Pode se embolar
Que já chegou a sua hora
Você bebeu demais
E se esqueceu de ir embora



Around the Corner

Darling, I think I don't like you
But is there a problem if I have some fun
I don't care what I'll become

She wears a nice summer dress
She's drinking to lighten all the stress
My heart goes racing in my chest

And I'm like
La la la la la, will you dance with me?
We go round around the corner, I could me discreet
Baby, baby, dance with me
The world is far away, you see

Darling, it's a random party
But I've seen pretty boys around
Step by step they chase me down

She might kill me with that look
Asking me what could go wrong
It's getting harder to be strong 


And I'm like
La la la la la, will you dance with me?
We go round around the corner, I could be discreet
Baby, baby, dance with me
The world is far away, you see

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Inconscientemente Cherry

   Bom, eu não queria dizer... Meio constrangedor, entende? Mas você sabe. No fundo do cérebro, na lembrança de um pesadelo esquisito da infância, você sabe muito bem. Ela existe lá dentro; talvez entre duas costelas ou, quem sabe, na ponta do dedo do meio.
   É uma coisinha minúscula, gelada, que arranha a parede dos ossos com pequenas unhas de mármore branco. É um barulhinho, uma correntinha de ouro roçando no fundo da piscina. Simplesmente desesperador. Como aquela vozinha aguda de passarinho que só se escuta pelo canto das orelhas, a uns 87 graus, mais ou menos. Você lembra desse sonho. É certo, como o dia depois da noite, que o pio de canarinho engrossa e se torna uma voz grave e macia que vai te devorar e quebrar sua alma em duas.
   A coisinha também vai partir seu espírito. Ela é como o sonho, mas continua lá, PRINCIPALMENTE quando você acorda. Ela vai descascando seus ossos e furando seus pulmões com as unhas postiças de mármore e vai derreter toda a gentileza com sua saliva ácida que cai, gota a gota, no pequeno jardim de jasmin que você trancou no armário da memória.
   Ah, coisinha odiosa! Você também tem uma? Ela é do tamanho de uma aranhazinha; menos que uma viúva negra, mas tão letal quanto. Talvez mais. Tece sua teia pelas minhas vísceras, põe uma lente de aumento nas vizarrices dos meus pesadelos mais obscuros e torna meus melhores desejos realidade, só em sonhos, para que eu queira morrer toda vez que acordo.(Não nade de costas. Só não nade de costas!)
   Ela mesma se odeia, a coisinha. Me grita por entorpecentes, mas não há nada que eu possa lhe dar que seja mais venenoso que seu póroprio néctar vermelho, sua calda de cereja. Oh, Cherry, Cherry... É como estou pensando em chamá-la, a minha pequena, minha criaturinha feita de sete pecados capitais e pó. Porque é ao pó que todos voltamos todas as noites. 
   Sonhe com flores, sonhe com borboletas. Boa noite, gatinho.

















terça-feira, 1 de maio de 2012

Pela metade

Eu já nem sei
Se devia cantar
Sobre essas coisas todas
Soltas pelo ar

Se eu já tentei
O que tem pra fazer
Eu só queria me deitar
E derreter

É tão difícil ser de verdade
Se tudo em volta é só jogo de imagem
É tão difícil falar a verdade
Se todo mundo diz pela metade

Eu preferi
Só olhar de fora
Mas não cheguei a esquecer
Como se joga

Mostre as suas fichas, eu tenho um Az
Eu sei bem como se faz
Meu rei combina com o seu
Agora quem não quer sou eu

Eu já nem sei
Se devia cantar
Sobre essas coisas todas 
Soltas pelo ar


Eu vou contar
Meus distúrbios mentais
Desenterrar o que eu já quis
Deixar pra trás

É tão difícil ser de verdade
Se tudo em volta é só jogo de imagem
É tão difícil falar a verdade
Se todo mundo diz pela metade

Nem vou dizer
O que eu sei de você
Pra não deixar o meu
Veneno escorrer

Mostre as suas fichas, eu tenho um Az
Eu sei bem como se faz
Meu rei combina com o seu
Agora quem não quer sou eu

Já se acabou a paciência
Você insulta a minha inteligência

X e Y

      Tento me engolir, no intuito de matar a fome do imenso abismo que se abriu em algum lugar entre minha garganta e estômago. Ele está simplesmente faminto e todos os doces que lhe atiro nem chegam a ocupar o espaço entre seus enormes dentes, que arranham e violam a si mesmos constantemente.
  Como uma droga, o cheiro das coisas erradas que fiz infesta meu sangue e circula por mim. Inspiro fundo, o aroma impregnado em minhas mãos e roupas flui para dentro e de novo pra fora. Faço isso mil vezes, mas são como x e y de um quadro negro que só vão me distrair por alguns minutos.
  Um outro cheiro, aquele cheiro, o nosso cheiro é tudo o que procuro. Aonde foi aquele pedaço de paraíso que alimentava o monstro e transformava os dentes famintos em tardes de dérias? Por favor, faça com que pare! Faça eles pararem de me dilacerar! Onde está você? Onde estamos nós? Existe alguma coisa no mundo que tampe a boca do abismo que me devora aos poucos, todo dia, toda vez que me lembro?






I never told you
But is more than that
Just more than what you think
How could you just not see
That I'm special too
And that you're just like me?

Perfume (ft. Tom Nobre)

Meus dias têm sido salgados
Minhas noites têm sido assombradas por açoites
De lembranças que já foram tão doces
Mas que agora só servem pra me amargurar

Minhas tardes têm sido vazias
Minhas noites tão frias são só sombras das lembranças
Que o tempo perdido me obriga a esquecer
Na medida em que ele passa e eu me deixo envenenar por você
Por você...

Então,
Quebre as nossas juras
Esqueça a minha mão na sua blusa
Devolva o meu anel que você usa
Vista a sua roupa de viúva
E me mate em você

Eu tenho passado por certos problemas
Estanco os meus versos ainda abertos
E cheios das rimas que eu fiz pra você
No meu poema sangrento que não para mais de doer

Eu tenho estancado o meu sangue com páginas
Ocupo a minha mente com futilidades
Que me afastam de tudo o que eu quero
E espero que possa voltar

Quebre as nossas juras
Esqueça a minha mão na sua blusa
Devolva o meu anel que você usa
Vista a sua roupa de viúva 
E me mate em você 


... Não quero te botar nessa posição
Mas se você faz toda essa questão, então...

If you have a minute (why don't we go?)

      O telhado não é só um amontoado de telhas que protege o andar de baixo da chuva. É o "lugar que só a gente conhece": uma caixa de segredos fechada para o mundo de terra e gente, mas aberta para as estrelas e o infinito de cima e de dentro. É cheio de páginas de História e bitucas de cigarro, infestadas de lembranças e emoções que escorrem como cerveja derramada por entre as telhas.
      Nada precisa ser bom ou eficiente, mas tudo é maravilhoso e mágico como uma caixa de músicas. É onde estão impressas todas as minhas coisas favoritas. Como uma Nárnia minúscula, decadente e bela, por onde se entra saindo pela janela.
      É o lugar de onde eu pulo todas as vezes que suicido, é onde eu quero ficar para sempre. Mas sempre sabemos o momento de sair. São três paredes, uma alma (ou duas), milhares de telhas de cerâmica e o mundo particular. É o telhado.