sexta-feira, 7 de março de 2014

Pigarro (ft. Tom Nobre)

O frio que desce em brisa dos seus lábios Corta mais que a navalha desenhada no seu braço Emudecidos como dois otários O frio quebra o gelo pra cortar o embaraço


Como foi que nos perdemos aqui? O peso morto do seu coração só me faz mal Afinal, pra onde mais podemos ir? Se você queima folhas, minha boca, não discute, desconversa e tal, e tal


Tem um fantasma Que sapateia na minha sala Eu gosto do tom de vermelho desse sofá Tenho sapatos Que sapateiam na entrada Eu gosto de marasmo e da brisa do mar


Outros planetas Que se deslocam pelo céu Não sei se são satélites ou folhas de chá Outras palavras Já não se prendem no papel Camadas e camadas de uma bolha de ar


Em meio ao eco surge um arrepio Correu em minha espinha afiado calafrio Um olhar morto, um sorriso vazio Eu chego a desejar por um silêncio mais macio


E se um dia eu atravessar Pelo seus pensamentos e um sorriso surgir Afinal, do que podia se lembrar? Se os momentos bons parecem sombras Que se escondem e não cansam de fugir

Tem um fantasma Que sapateia na minha sala Eu gosto do tom de vermelho desse sofá Tenho sapatos Que sapateiam na entrada Eu gosto de marasmo e da brisa do marOutros plantas Que se deslocam pelo céu Não sei se são satélites ou folhas de chá Outras palavras Já não se prendem no papel Camadas e camadas de uma bolha de ar

Humor Blasé



Não queria dizer nada Um toque vale mais Que milhares de palavras Convertidas em sinas de fumaça Que entre os lábios se desfaz


Nunca pude dizer nada O símples pensamento Já me põe numa cilada Uma música diz mais Que palavras Que só lê quem é atento


E no imaginário do retrato Que eu faço de você Já tem um par de óculos E o seu humor blasé

E as palavras bem pensadas Que são ditas sem querer Disfarço entre tragadas Desse seu humor blasé


Me encosto na piada Silêncio é bom pra quem Não está desesperada O que me fode mesmo É a estrada E não saber o que é que vem


Bem queria dizer tudo Cuspir o mal-estar De um sonho meio turvo Preencher esse vazio Absurdo Bem queria te falar


Que no imaginário do retrato Que eu faço de você Já tem janelas soltas E o seu humor blasé

E as fachadas desmembradas Que no fundo ninguém vê Me trazem nostalgia Desse seu humor blasé